Resultando da rivalidade entre dois dos bairros mais representativos da terra,(Paço e Rossio) o Carnaval de Canas de Senhorim, segundo reza a história, desde há 300 anos se vem realizando regularmente, sempre actual e rejuvenescido, sem todavia por em risco a genuinidade que o caracteriza.Para além de integrar motivos comuns a outros carnavais designadamente o cortejo alegórico, que nos principais dias da festa, calcorreiam as ruas da vila, o Carnaval de Canas detém todavia, características muito próprias que lhe conferem um cunho extremamente popular, sendo estes festejos carnavalescos, considerados"sui generis na região.Logo a partir do primeiro dia de Janeiro e antecedendo a data que o calendário propõe para a realização do Carnaval, os canenses vivem de forma intensa toda uma série de brincadeiras inofensivas, quase todas redundando em motivo de confraternização entre novos e velhos.Efectivamente, o que para o comum dos cidadãos nada quererá dizer, tem para as gentes de Canas um significado especial. Referimo-nos aos célebres pizões, paneladas, farinhadas, cegadas, batatada, queima do entrudo, etc., que constitui a parte mais rica do Carnaval desta industrial Vila.Os pizões, por exemplo, são uma inofensiva brincadeira, consiste em dependurar de uma pedra presa por um cordão a porta do canense visado, sendo o mesmo accionado de longe, o que obriga os proprietários a levantar-se, seja a que horas for da noite, e vir até à porta saber quem é. É claro que nunca sabem quem os procura. Ocasiões há no entanto, em que este pizão tem um sentido polivalente, pretendendo motivar uma confraternização entre visitante e visitado. Daí o facto comum de às tantas horas da noite se assar umas chouriças caseiras acompanhadas de broa e do famoso vinho do Dão. Quanto à farinhada*, "pobre" da cachopa da terra que tenha a veleidade de, na segunda feira de Carnaval até ao meio dia, sair à rua, nem que seja para ir à fonte. É que os jovens foliões nessa manhã, estão de olho à espreita para enfarinhar a primeira que lhes surja pela frente. Se as farinhadas são mais destinadas às jovens, o mesmo não acontece com as paneladas, que normalmente visam atingir os mais velhos da localidade. Pela calada da noite ou do dia, uma panela de barro cheia de bogalhas, é arremessada sub-repticiamente para o interior das silenciosas habitações provocando desusado estrondo, e pondo, naturalmente os cabelos em pé das velhinhas atingidas. Mas, também aqui, as bogalhas podem dar lugar a nozes ou avelãs, quando se pretende agradecer algo a alguém.Como nota curiosa, registe-se que quando o visado não recebe bem a folgança, o que raríssimas vezes acontece, os promotores não desistem. Antes pelo contrário redobram a malícia e só param quando forem aceites.(...)
* O período de farinhada deve ser alargado até à meia -noite de 2ª feira (durante toda a 2ª feira das velhas)... a noite de domingo é muito longa!
António João Pais Miranda
in Canas de Senhorim História e Património
in Canas de Senhorim História e Património
2 comentários:
Pessoal, amanha dia 3, aparecam no salao dos bombeiros voluntarios. Vai haver grande festa com a Banda SOMA & SEGUE
Pessoal, amanha dia 3, aparecam no salao dos bombeiros voluntarios. Vai haver grande festa com a Banda SOMA & SEGUE
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